Beda #9: Rain Over Me


   Ela olha para aquele cĆ©u azul e nĆ£o imagina que possa chover,
entĆ£o, continua sua caminhada vazia, ela vai, vai destemida pelas ruas.

   Ruas cheias, cheias de pessoas, de carros, de sujeira, de barulhos, mas ela nĆ£o os ouve;
ela segue com seu doi fone no ouvido, concentrada no que ouve e tenta achar sentido naquilo que estĆ” ouvindo.
   Ćs vezes olha para aquele cĆ©u claro e procura algo que nem ela mesma sabe o que e entre uma olhada e outra, o imprevisĆ­vel aconteceu: caiu um pingo do cĆ©u.
   E depois outro e outro mais e quando ela se deu conta, todos que estavam ao redor estavam alvoroƧados atras de um guarda chuva ou de onde se esconder, os comerciantes abaixavam as tendas para cobrir suas lojas, os camelĆ“s cobrem suas barracas pra nĆ£o molhar suas mercadorias mas e ela? Ela continuou andando, desviava de um guarda-chuva na direita, ou alguĆ©m que estĆ” tentando se esconder na esquerda.
   Continuou sua caminhada. Caminhou o mais devagar possĆ­vel, nĆ£o queria chegar em casa tĆ£o cedo..
   A muito tempo vinha pensando em tomar um banho de chuva, mas a possibilidade sĆ³ ficava em sua mente, entĆ£o ela seguiu, tinha mil e um pensamentos na cabeƧa mas ao mesmo tempo, tinha nenhum, ela deixava a chuva escorrer pela sua face, ela se entregara a chuva de corpo e alma, nĆ£o ligava se tinha alguĆ©m olhando ou criticando-a.
   Ela resolveu curtir a chuva, abriu os braƧos e rodou com uma alegria que nĆ£o sentia a algum tempo, pulava nas poƧas de Ć”gua e brincava com as gotas que voavam ao seu redor e ria,como ria.
   Ria sozinha, ria de sentir como uma crianƧa no meio de uma avenida movimentada, nĆ£o ligava se tinha alguĆ©m ao redor, nĆ£o escutava nada ao seu redor e nĆ£o via ninguĆ©m ao redor.
   Fechava seus olhos e se imaginava em um campo, um campo verde e molhado, cheio de arvores,  flores de todas as cores e ela corria pelo campo, nĆ£o via seu fim nem o fim de toda a beleza que havia nele.

   Mas como um sonho, ela teve que abrir os olhos... estava no portĆ£o de casa. Aos olhos dos vizinhos: uma adolescente louca, toda encharca no portĆ£o de casa com a chave na mĆ£o esperando algo que eles nĆ£o sabiam o que era.

   Como ela se sentia? Ela se sentia bem, mesmo com algumas dificuldades para andar por conta da roupa molhada, nĆ£o se arrependia do que fez durante seu caminho de volta a casa.
   Aproveitou cada instante que pode, pois sabia perfeitamente que nĆ£o havia garantias de que isso pudesse se repetir - pelo menos nĆ£o tĆ£o cedo -.



Fonte: Finding Neverland Tumblr




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